Ela não fala a palavra noivado, prefere compromisso, mas a aliança na mão direita conta metade da história: ''Quando há amor, tudo dá certo!''
Garota carioca, Deborah Secco chegou à fria terra da garoa agasalhada por três blusas sobrepostas. Jaqueta, cacharrel de lã e malha de algodão preta, calça jeans e um confortável tênis. Para molhar a garganta, pediu uma Coca Zero ou light. ''É a única coisa que eu quero'', disse, depois de cumprimentar os presentes com beijos e abraços. Superprofissional, ela faz tudo o que seu trabalho pede. Mais uma vez ela teria a árdua tarefa de ficar linda para um ensaio fotográfico, que aconteceu em estúdio na Vila Mariana. Durante a preparação, cabelo, unha e maquiagem, a atriz fez mais um pedido: ''Quero assistir à novela. Hoje a Céu vai se declarar ao Cassiano''. No momento da cena, ela se concentrou em frente à TV, com as pernas cruzadas, olhar fixo e um certo encantamento pelo enredo de sua personagem. "O amor deles é puro", sentencia. Ao final do romance na tela, o celular toca. É sua mãe, Silvia. ''Você viu a cara de apaixonado dele?'', diz ela, engrossando a torcida pelo casal. ''Te amo'', disse a atriz ao desligar. Na seqüência da cena, Céu sai em um carrão prateado, que Deborah não sabe dizer qual é. ''As pessoas me chamam de chique, mas não sou.'' Para completar o tripé família, trabalho e amor, Deborah fala naturalmente de Roger Flores e firma o compromisso com uma aliança na mão direita. ''Durmo na casa da minha mãe duas vezes por semana, agora que o Roger está longe me sinto muito sozinha, e é lá que eu consigo recarregar minhas baterias.''
Deborah viveu parte da infância em um condomínio de casas na Cidade de Deus, mundialmente conhecida pelas mãos do cineasta Fernando Meirelles. Mas a atriz não gosta de ser vista como a menina de origem humilde que venceu na vida. ''O Thiago Rodrigues é um menino que vem de origem rica e tem o mesmo mérito que eu. Eu sei o que eu quero. Quero continuar trabalhando. Mas prefiro não planejar o futuro, porque se der tudo errado ou for diferente do que eu imagino eu não vou ficar feliz.''
A Favorita
''Gravar é muito tranqüilo, principalmente agora que entrei no núcleo de comédia, que é muito divertido de fazer. Gravar com o Cauã e o Irã é um parque de diversões. Tem cenas de romance que eu amo fazer. As cenas com o Cassiano são particularmente as minhas preferidas. Eu nunca tinha me entregado a fazer de verdade esse tipo de personagem. Em Laços de Família a minha personagem tinha uma obsessão pelo Zé Mayer, mas acho que o a amor da Céu pelo Cassiano é completamente genuíno. Nunca tinha feito um romance completamente puro. Por mais errada que ela seja, tem uma pureza e uma inocência de todo o passado dela. São dois núcleos que me dão muito prazer. Independentemente de qual cena eu vá gravar, nunca é difícil, muito pelo contrario, é fácil.''
Amizade nos bastidores
''Trabalhar com o Thiago {Rodrigues} é muito bom. A gente tem uma química muito boa em cena. Do Cauã, já virei amiga. Fora de cena, com o Irã eu brinco 'faz a trancinha, a trancinha é sucesso. Eu só entro na igreja se você tiver de trancinha'. Fora das cenas a gente tem uma relação muito boa. É quase um espelho do que é na novela, então fica fácil de trabalhar.''
Amor pelo trabalho
''Não vejo meu trabalho como um peso, o que me faz mais feliz é ir trabalhar. Trabalhar, pra mim, é muito bom. As propostas de trabalho que estão vindo por aí, que eu não posso adiantar nada agora, são coisas que eu sempre quis muito fazer. São cosias que têm me deixado muito, muito feliz.''
Autocobrança
''A cobrança que tenho é no sentido de fazer o melhor que posso. Eu posso assistir depois e não gostar, mas se souber que fiz o meu melhor, OK. Eu vou ficar um pouco triste porque não ficou incrível, do jeito que eu gostaria, mas vou saber que não poderia ter feito melhor. Preciso saber que estou completamente entregue ao trabalho, que eu me dedico, decoro, chego no horário, estudo. Disso, eu preciso ter certeza. De que estou inteira.''
Lei da atração
''O engraçado é que eu sempre tive certeza do que eu seria. Talvez, hoje, eu tenha metade da certeza que tinha aos 8 anos. Eu seria atriz mesmo que tivesse que montar uma peça na praça pública e passar o chapeuzinho. As coisas foram acontecendo e hoje eu olho pra trás e penso 'cara, que coragem!'. Quando eu era pequeninha, tinha uns 6 anos, falava 'mãe, nessa vida não vai dar tempo de eu viver todas as pessoas que eu quero ser. Eu preciso achar uma profissão que eu possa viver todas’. Ela respondia 'mas, minha filha, você não vai ser outras pessoas.'Claro que eu vou, por algum tempo eu vou ser outra pessoa, eu vou sentir diferente, eu vou viver coisas diferentes. Essa vida é muito pequena pra tudo o que eu quero fazer.'''
Família
''Agradeço muito aos meus pais por me darem essa possibilidade, por me deixarem sonhar tão alto e acreditarem na minha loucura. Podia ter sido uma irresponsabilidade, eu podia estar frustrada, um milhão de coisas. Minha mãe sempre incentivava muito a gente a sonhar e buscar nossos objetivos. Se eu tivesse que começar de novo agora, eu teria muito mais medo do que eu tive na época. Era uma coisa minha, meu pai era contra. Ele fala que apenas há 3 anos começou a acreditar que eu vou ser atriz pra sempre. Ele achava que eu ia sair disso e que viraria uma empresária, que eu tinha tudo a ver com escritório, que eu era boa em convencer pessoas. Eu digo 'realmente pai, eu atuo bem' (risos).
''Mil e uma personagens
''Meus pais falavam que eu era mentirosa, mas não era, eu atuava para saber o teor do meu poder de convencimento. Uma vez, caí no chão com uma amiga com quem eu tava andando de patins, cheguei em casa e fiquei um mês fingindo que estava sem memória. Não era por maldade, eu só queria testar. Morava na Cidade de Deus, num condomínio de casas que ainda não era favela, mas já havia pedintes. Eu ia pedir dinheiro na rua, conseguia chorar mais que eles, ficava mais suja que eles e ganhava mais dinheiro que eles. Os amigos do meu pai passavam na rua e iam avisar meus pais. ‘Silvia, a Deborah tá lá pedindo dinheiro no sinal’. Quando eles chegavam eu fingia que não os conhecia. Eu falo que se não fosse atriz eu seria esquizofrênica. Ainda bem que direcionei isso pro lugar certo. O que é muito louco pra mim, às vezes eu penso ‘que pessoa doente!’. Eu devia dar trabalho pra minha mãe. Enquanto minha irmã ia brincar na rua com as amigas, eu ficava em casa interpretando. Eu lembro que fazia a Maria Lúcia da música Faroeste Caboclo. Fazia toda a cena de trair o Santo Cristo pelo Jeremias.''
Carreira internacional
''Não penso muito nisso, mas se surgir uma oportunidade. Primeiro, eu não falo inglês fluente. Eu falo, mas não tenho um accent perfeito. Acho que eu teria muita dificuldade de ficar longe da minha família. O que o Rodrigo {Santoro} faz, eu admiro muito. De ficar lá sozinho, eu não conseguiria. Eu tenho um apego com a minha mãe, minha irmã, com as pessoas que eu amo. Pode ser que no futuro eu fique preparada pra isso. Eu gosto muito do meu país, das pessoas que estão aqui. A expectativa gera frustração. É uma frase que ouvi e aprendi. Eu não mudaria a minha vida para tentar isso. Eu estou muito feliz com a minha vida. Eu não desejo muita coisa, só o que eu tenho, que continue assim, já está bom.''
Férias!?
''Não crio expectativas, as coisas acontecem ao seu tempo e a gente descobre e decide o que é melhor a cada momento. Não dá pra planejar daqui a um mês. Daqui a um mês é daqui a um mês. É difícil planejar minha semana, planejar o que vai acontecer em 6 meses, pra mim, é impossível.''
Dupla imbatível com Juliana Paes
''Eu e a Ju fizemos trabalhos marcantes juntas, tanto na minha carreira quanto na dela, e isso aproximou muito a gente. Em Celebridade tínhamos personagens muito parecidos e se a gente não fosse muito unida, muito amiga e não fizesse a coisa diferente, teríamos perdido uma grande chance de fazer o sucesso que a gente fez com a Darlene e a Jaqueline. Tudo era muito debatido e isso criou uma confiança mútua. Não sou uma pessoa que sabe cultivar amizade muito bem, deveria fazer isso melhor. Eu não ligo, sou muito preguiçosa pra sair de casa. E a Ju é muito diferente de mim. Aprendemos a gostar uma da outra do jeito que somos. De não se cobrar. Acho que essa amizade, quando a gente não cobra, simplesmente gosta, é a verdadeira.''
Deborah estilista
''Sempre gostei muito de brincar de desenhar roupa. Às vezes, via uma coisa na revista e não tinha onde comprar.. eu desenhava, pedia pro meu modelista para fazer. Comecei a misturar referências que eu via em uma peça só. Pegar coisas que achava um pouco exagerada e diminuir. No casamento da Ju {Juliana Paes} eu queria muito ir com uma roupa, eu falei até pra ela, que iluminasse, uma roupa que desse uma luz, uma bênção. Há muito tempo eu não conheço um casal tão incrível quanto ela e o Dudu. Que combine tanto e que mereça ser feliz. Eu queria um sol, mas tenho dificuldade grande com cor, e amarelo eu não conseguiria usar. Deu trabalho, foram bordadas 7 mil pedras de Swarovski.''
Quase 30
''Adoro falar que eu faço trinta ano que vem. Eu acho que 28, 29 não são idade. Idade é 30, 35 e vai arredondando. Impressionante, minha melhora é incrível. De um ano pra cá, pela maturidade, pela vontade de melhorar mais que esteticamente. Procurei pilates para melhorar a saúde, para não ser uma pessoa totalmente sedentária. Não tenho muito essa preocupação de envelhecer. Minha avó é um superexemplo, vai fazer 80 anos e todo dia sai pra dançar, tem namorado... Acho que essa alegria de viver é o que não pode ir embora. O resto, é pequeno. Quem gostar de mim pelo que sou externamente não me merece. Essas pessoas eu não quero ter perto de mim. O que a gente tem por fora, vai embora mesmo, aos pouquinhos.''
Daqui pra frente
''Se eu já sei que um tipo de personagem dá certo pra mim, não vou repetir agora, como por exemplo a Darlene.. Se me chamassem pra fazer uma Babalu ou Rakelli. Pra mim, o mais interessante é dar a cara a tapa mesmo. Vamos fazer um personagem com sotaque? Vamos! O arriscar pra mim é muito valioso. Querer estudar, ter coisas que te estimulem a buscar novidades, ler coisas novas. Quero ter personalidades que eu nunca tive. Quero conhecer várias personalidades a fundo.''
Romantismo real
''Na vida real não tem trilha sonora, não entra a musiquinha na hora perfeita. Eu realizo o meu romantismo na novela e até mesmo vendo filme.''
Roger
''Moro sozinha, mas bem perto da casa dos meus pais. Durmo na casa da minha mãe duas vezes por semana. Agora que o Roger está longe eu me sinto muito sozinha e é lá que eu consigo recarregar minhas baterias. Eu comecei a namorar, ele tava no Corinthians, depois ele foi pro Flamengo e em seguida para o Grêmio. Vou te falar, sempre fui flamenguista, mas hoje eu tenho um carinho especial pelo Grêmio, que foi um time que me recebeu muito bem. Agora que ele está no Qatar, a gente se vê todo dia (risos) pelo skype.''
Relação à distância
''Não gosto muito de falar da minha vida pessoal, quando me perguntam sobre isso gosto de responder que quando há amor, tudo dá certo. Tinha uma frase que minha mãe falava pra mim, 'minha filha, enquanto os elos que nos unem forem mais fortes que os pequenos que nos separam tudo vai estar bem'. Não são pequenas dificuldades que vão superar um sentimento verdadeiro. Eu não conto o tempo que ele está longe, acho que faz 4 meses. Prefiro não contar. As pessoas dão mais importância pra isso do que eu mesma. Minha vida não é só isso... As pessoas dão um peso maior do que as coisas realmente têm. Procuro falar um pouco de tudo, porque a vida da gente é um pouco de tudo. Minha família tem uma importância pra mim, meu trabalho tem muita importância pra mim...''
Prova de amor
''É uma prova de amor eu entender que ele esteja longe e saber que isso é bom pra ele. E ele entender que eu não posso estar com ele porque para mim é bom estar aqui. Quando a gente ama alguém, queremos o bem da pessoa, por mais que isso faça a gente sofrer. Eu sei que o bom pra ele é estar lá e ele sabe que o bom pra mim é eu estar aqui. E isso não vai mudar nada. Ele jamais pediria pra eu largar tudo pra ficar com ele, e isso é a maior prova de amor que posso ter dele. E eu jamais pediria para ele não ir; essa é a prova de amor que ele tem de mim. Para amar alguém, você tem que se amar, ser alguém.''
Terceiro ensaio na Playboy
''Chegaram a fazer uma proposta, mas não cheguei a tomar conhecimento de valores. Não tenho interesse de fazer revista. E não me arrependo das duas que fiz. Fiz mesmo, fiz pelo dinheiro. Nunca entrei nesse mérito, mas minha família precisava bastante do dinheiro. Meus irmãos estudaram em escolas particulares por causa das revistas. Hoje, minha irmã é formada em Direito, fala 4 línguas e isso pra mim, não tem preço. Mas eu tô tão feliz fazendo a novela e com os próximos projetos da minha carreira, que isso hoje não me acrescentaria em nada.''
Mais sensual
''Tenho vontade de fazer tudo o que nunca fiz. Só acho que hoje não é o momento de fazer alguma coisa por dinheiro. Também, não deu vontade. Sou muito emoção, se mexesse comigo eu faria, mas como não mexeu...''
Fonte: Revista Contigo!
Adorei a entrevista, as fotos... Tudo ficou perfeitoooo!
Essa aqui era a "entrevista com fotos", que falei que sairia essa semana.